quinta-feira, 30 de agosto de 2007

TARDE DE DOMINGO.

Da sacada do apartamento
Há um ano atrás me recordo
Daquele sol do fim da tarde do domingo
Nos abraçamos e sentimos a brisa
São dias assim que quero guardar
Lembrar sempre
Não sei se encontrarei a sensação
Daquela tarde com outro alguém
Mas prefiro pensar que não
Nos meus dias mais tristes

Onde corre um filete de saudade
Prefiro pensar que um dia você vai me surpreender
Entrando por aquela porta falando bobagens
E em seguida perguntar onde estava
A sua camisa surrada que tanto gostava
Caso eu viesse a viver sozinho

Certamente não precisaria de mais nada
Pois mesmo ausente você me completa
Sonho com o dia em que nos veremos novamente
Mas temo que o tempo me faça diferente
Do cara que um dia você conheceu no parque
Num fim de tarde de domingo
Tenho a plena certeza que você nasceu pra me fazer feliz

Tive convicção disso no primeiro olhar
A sua presença naquele domingo
Me arrancou um sorriso largo e surreal
Jamais imaginei que poderia ser amado por alguém
Mas o que me intrigou foi o fato de poder amar também
Hoje quando olho para a sacada

As lembranças me dizem
O quanto fui feliz contigo ao meu lado
E lembrar das promessas de amor eterno
Me faz mais religioso
Crente que Deus me viu entre milhões
E deu a mim a tarefa de te fazer feliz
Pelo resto da sua vida
E foi o que ocorreu
Em alguns momentos

Quanto me pego com o olhar
Fixo naquela sacada
Lembro da única mentira que você me contou
De que iríamos juntos na viagem eterna
Pois nem eu nem você
Poderia suportar a carga
De viver sem a companhia do outro
Me apertou o coração
E as lágrimas rolaram do seu rosto
Um abraço forte acalmou o momento
E naquela noite fizemos amor como nunca
No dia seguinte acordei antes de ti

Meu coração estava mais acelerado
me encontrava entre a pequena
Parcela de bobos apaixonados
A melhor sensação de toda minha existência
Estava ao meu lado
Dormindo como um anjo
Acho que isso só podemos sentir uma vez na vida

E no momento que você acordou
O inesperado aconteceu...
Eu ainda espiando seu sono
Você acorda e abre o sorriso mais lindo que vi
Encosta minha cabeça no seu ombro

E diz que durante a madrugada aconteceu algo
Que me espiava dormir
E sentiu seu coração bater mais forte
Que não sabia oque era
Mas que sentiu medo
De um dia me perder
Prometeu estar comigo
Todos os dias da sua vida
Enquanto as lágrimas tomavam as palavras
Quando olho para os cantos dessa casa

Vejo-a imcompleta
Assim como eu estou incompleto
Falta uma parte de mim que você levou contigo
Durante a noite é difícil fazer qualquer coisa

À luz do dia me enterro no trabalho
Para não lembrar de ti
Mas está sendo tão difícil
Quanto a decisão de continuar vivendo
Com a sua ausência
Lembro me do dia que descobri

Que lhe restavam algum tempo antes da sua partida
Pior que saber que se vai morrer
É ter a certeza e tempo determinado pra isso
Recordo do sofá vermelho

Da ferida que ainda dói
Do golpe que a vida me propiciou
Dos meus momentos abandonado por Deus
Mas ainda prefiro olhar para a sacada

E lembrar que o amor existe e que o tive
Durante os melhores dias da nossa vida.

Carvalho, Luciano Gonçalves. (Poesias Incompletas e Desprendidas).

3 comentários:

Anônimo disse...

Trágico, profundo, dá a sensação de saudade em quem lê... sabemos que o trágico é interessante, Niezsche nos mostra que o trágico também é belo. Uma narrativa empolgante, solitária. O amor, tão estranho e complexo, tão necessário... tão belo.
Parabéns amigo, mais um companheiro que peregrina pelas insólitas, lânguidas, mas necessárias veredas da vida. Abraços.

Unknown disse...

Nossa é realmente muito profundo, mostra exatamente o interior que quem escreve, e faz com que o interior que lê seja também profundamente revelado, a cada frase lida me senti arrepiada, com vontade de amar, com o desejo de acordar ao lado de um grande amor, de sentir exatamente o vem sendo retratado de forma tão simples e tão linda neste poema, senti vontade se sair correndo e gritando aos 4 ventos que estou em busc de um amor para expressar e expor o meu interior. Parabéns gato, a sua sensibilidade aqui foi incrivel.

Willian Vennan disse...

De uma Sensibilidade, impestuoso, Casto e Vil, eu vi isso...rs. Uma Especie de Nelson Rodrigues desmificado. Poesia bonita, precisa que provoca um sentimento sufocante de amor incondicional, ácido, bucólico como Sampa e numa melancolia exata, sem rodeios, sem brechas. Preciso. Ardor e fogo.

Bjus e Parabens. Mt lindo