sábado, 25 de abril de 2015

Não mais ...

Vou, talvez sem volta, ou de volta
Me espere, que eu te aguardo, me guardo.
Você me deu o melhor de ti
E a cada dia que nos
As coisas pareciam bem ajustadas
Acredite, não estavam, eu descobri
Eu mesmo não enxergava ...

Me apaixonei aos poucos
E fui me diluindo lentamente
Perdendo pedaços de mim em você
 

Não mais ...

Olhei hoje para o espelho
E não suportei
Não me vi
Meu reflexo era tua imagem

Não sou eu !
Não posso permitir!
Deixar-me de lado e viver você,
Não posso mais ficar aqui!
Preciso partir.

Não mais ...

Por amar-te como se o mundo não existisse
Vivemos uma vida juntos em 4 anos
Vivi pra te ver sorrir
Não posso me permitir sentir tanto amor
Sentimento que invade, incrível, tão fantástico
Que edifica a vida, mas que também pode destruir
Esvaziar a alma, perder o sentido, se substituir pelo outro
Foi me apagando aos poucos do mundo
Tornou pó o meu reflexo, o meu eu.

Você está tão presente aqui no peito
Que ao pensar ti
Sinto que vou explodir de saudades

Mas não posso, não mais ...

Tenho que me recompor
Me resgatar, ficar em pé novamente

Tenho que juntar os farelos 
Reencontrar partes da minha essência
Perdida em algum momento da nossa história
Desaparecida entre os ponteiros do tempo
Das memórias das nossas primaveras
Espalhadas nos jardins e abismos do nosso caminho.

Tudo que vivemos juntos é maior que eu
Te tirar do meu coração sei que não é possível
Mas posso talvez tentar viver fora de nós
Suportar a sua ausência
E reconstruir meu eu
Reencontrar minha existência.

Essa distância será como o brilho fúnebre
De uma tarde distante,  fria
Na qual nos restará os momentos em que
Aquecia-nos em um abraço forte e uma cumplicidade sem fim

Os passos solitários, agora meus,
Se torna o reflexo que a mim retorna
Não ter-te é suportar o fato de não possuir mais seu abraço,
Seu calor, suas palavras, suas conversas,
Seus sussurros, corpo e coração,
O nosso abraço ao adormecer, ao acordar
Nós, um só.

Não mais ...

É também é estar distante do soluço noturno
Das lágrimas que sangravam do meu olhar
Ao procurar meu reflexo, meu ser, minha alma, minha vida
Minha identidade, minha felicidade
E ver você,
Minha razão de existir e também meu perecer.

Não posso mais ... Então ...

Abdico você, amor da minha vida
Porque preciso ser feliz comigo
Renascer numa manhã vazia
Na qual só encontre eu,
Tentar reencontrar a minha razão de ser
De estar sozinho e amar mais a eu mesmo que a ti
Preciso tornar você a outra metade de minha alma
e não meu ser por completo.

O amor jamais será completo e verdadeiro
Se deixarmos de amar a nós como individuais
Não mais existindo em algum momento do nosso pisar.

Quero caminhar só contigo nessa vida
Mas preciso antes produzir minhas próprias pegadas na areia
Ver minha própria sombra,
Voltar a existir
Pra viver com as igualdades que possuímos
E nos amar com as diferenças que produzimos.

[Carvalho, Luciano] 25/04/2015

 

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